Leio a seguinte notícia: “Record define elenco para nova Escolinha do Barulho; saibam quem são os 23 atores”. Oras, mais uma Escolinha? Não bastaram todas as 32323 cópias realizadas já na TV brasileira? Mais um humorístico com o nome de Escolinha levanta duas questões: se trata de um programa que agrada ao público ou é um programa que serve de escada para antigos astros e, infelizmente, catapulta a nova geração do humor? A última reedição da Escolinha, feita pela Band, não emplacou. Tão rápido surgiu, desapareceu. Será mesmo que o público gosta?
Já imagino o elenco classe A dessa escolinha: uma gostosona que usará uma mini roupa para compensar o mini cérebro, um professor que será interpretado por alguma celebridade que está em baixa e quer ressurgir, alguma outra gostosona fazendo sei lá o que, algum personagem que terá a função didática de explicar a história para o público de casa, em meio à gracinhas. Ao final desse post, creio que Geyse Arruda já terá ganho um papel na Escolinha. Ela mesmo que surgiu para o Brasil por suas peripécias na “Faculdadezinha”.
Sem improviso, datado e com aqueles rostinhos já conhecidos (aposto, que o velhinho com cara de Chaplin e cabelo espetado será um dos personagens) a nova Escolinha não terá nada para ensinar. Não passa de uma sala de aula cheia de repetentes.
PS: Geyse Arruda foi confirmada no elenco. Sua personagem? Oras, ela mesma. Bravo!
Diabo a quatro (1934), dos Irmãos Marx
Sim, eis um filme sem propósito algum, a não ser tirar uma com a sua cara, que ensina bem mais do que uma Escolinha, Praça ou Zorra. Nem precisava ter ido tão lá trás, mas é que em se tratando de comédia, não tem como não lembrar dos Irmãos Marx. Sem trocadilhos, mas se querem dar uma aula de humor, então aprendam, nobres produtores da Record, pois, o filme ensina. Se for pego rolando no chão de rir, meus parabéns, vocês atingiram a nota máxima. E não vale as risadas gravadas no estúdio.
Groucho Marx na pele de Groucho Marx |
Uma sucessão de esquetes sem pé nem cabeça. É esse o filme. Precursores da comédia pastelão, o Monty Phyton bebeu muito dessa fonte. Não se atente para a história de um país fictício, Freedonia, que enfrente problemas financeiros e, por isso, nomeia ninguém menos do que Groucho Marx como presidente.
O filme começa e não para de acelerar. Há uma cena de um musical no meio/fim que é simplesmente surreal. Brilhante. Há ainda a gênese daquela cena do espelho copiada inúmeras vezes por tantas produções seguintes. E fica ainda melhor quando se descobre que a fita foi proibida na Itália – a figura de Groucho Marx irritou Mussolini. Além disso, a população de Fredonia, no interior de Nova Iorque, protestou pela adição da letra “e” (Freedonia) e uso indevido do nome da cidade. A tirada ao povo já está inclusa no repertório de frases dos irmãos “Mudem o nome da cidade de vocês, está prejudicando o nosso filme”.
Lembro de ter assistido a um filme dos irmãos Marx quando tinha uns 5, 6 anos. Adorava os trejeitos, as atuações, as brincadeiras de Harpo, ora com Chico ou azucrinando algum coadjuvante. Até pela idade, aquilo era o que mais me agradava. Mas, não tem o que questionar. Quem brilha na tela é Groucho. Com tiradas sensacionais, diálogos pra lá de ácidos é a figura que mais fascina seja nesse ou em qualquer outro filme dos irmãos.
Groucho, com seu bigode pintado e seu andar de galinha, está impossível. É, com certeza, o mais cínico dos comediantes e um dos maiores autores de frases de efeito do cinema. Neste filme elas aparecem aos borbotões. “Estou cansado de notícias do fronte, traga-me notícias dos lados”, “Inteligência militar é uma contradição em termos”, “Ele pode parecer um idiota e até agir como um idiota, mas não se deixe enganar: ele é mesmo um idiota”, até mesmo sua lápide não escapou “Perdoe-me por não levantar”.
Quer um bom motivo para expurgar os demônios caquéticos que ainda assombram a tv e desopilar os teus ouvidos daquela velha baboseira cheia de bordões manjados? Assista Diabo a Quatro o quanto antes.
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